Muçulmanas são vítimas de agressões nas ruas do Rio
Outro preconceito se apresenta no mundo, a "islamofobia". O não conhecimento e as notícias generalizados criam um senso comum que maltrata e mata.
Reportagem saiu e se contra completa no odia.ig.com.br:
A empresária Zahrah Carolina Bravo, 33 anos, chega à Sociedade Islâmica da Baixada Fluminense para fazer uma das cinco orações praticadas por muçulmanos ao longo do dia, conforme manda a tradição. Porém, antes de cumprir o protocolo de se inclinar em direção a Meca — cidade na Arábia Saudita, considerada sagrada e alvo de peregrinação dos adeptos da religião — ela tira da bolsa o véu que deveria ser usado durante o dia, mas que passou a ser evitado em público desde segunda-feira passada.
Foi quando, numa caminhada por Nova Iguaçu, recebeu uma cusparada no rosto e acusações de práticas terroristas devido à vestimenta, associada erroneamente a ações de grupos extremistas do Oriente Médio. Foi um episódio de intolerância considerado “leve” por ela e outras muçulmanas radicadas no Rio, estado conhecido pela pluralidade mas que, de acordo com as religiosas, vive onda crescente de “islamofobia”. Identificadas pelas roupas, as mulheres são alvos preferenciais de injúrias e agressões.
A jovem, como tantas muçulmanas, vive o medo de assumir a religião. “Sofri bullying a infância inteira”, explica. “A maioria das pessoas não entende que os episódios que culminam em execuções terroristas não refletem o Islã, mas sim disputas políticas sangrentas”, pondera Zahrah. Mais velha, ela acumula marcas da intolerância pelo corpo e na memória. No couro cabeludo, espaço no qual os fios não crescem. Fruto de ‘trote’ sofrido em 2010, quando cursava pedagogia na Uni-Rio.
“Apagaram cigarro no meu véu e, assim, atearam fogo. Era chamada de mulher-bomba e esposa do (terrorista) Osama Bin Laden ao pisar na sala”, diz ela, que desistiu da carreira. Foi o caso mais grave de violência dos cinco que culminaram em registros policiais. “O maior preconceito se vê no dia a dia, nos risos e olhares que percebo ao entrar de véu no trem”, diz.
Os costumes traçados no Alcorão — livro sagrado da religião — também custaram caro. “Fui demitida de uma empresa de telemarketing sob o argumento de que escondia o rosto e precisava interromper o expediente para orar. Hoje muitos muçulmanos só fazem duas orações por dia (antes de sair de casa e depois de voltar), e não cinco, o que seria o ideal”, conta.
De acordo com a SBM-RJ, existem três mil muçulmanos vivendo, hoje, no Rio. No estado, o número poderia subir a dez mil. Uma fatia ínfima, se comparada ao 1,5 bilhão de muçulmanos espalhados pelo mundo, o que faz do islã a religião com maior número de fiéis. “Mesmo assim, se perguntarem qual é a primeira palavra que vem à cabeça do grande público quando se fala em islamismo, muitos dirão ‘terrorismo’. Uma pena”, lamenta Sami Isbelle.
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